A Cabana William P. Young
colaboração de: Wayne Jacobsen e Brad Cummings
Sinopse
A história tem como protagonista Mackenzie Allen Philip, que sai com a família em férias e tem sua filha mais nova raptada. Depois de incessantes e infrutíferas buscas há indícios de que ela tenha sido morta de forma brutal e seu corpo largado em uma cabana abandonado, que dá o título ao livro. A tragédia vivida pela família faz com que caia sobre todos uma profunda tristeza e apatia que paralisa suas vidas, especialmente Mackenzie que vive atormentado pela morte da filha, uma menina sapeca, que aconteceu já há quatro anos.
Apesar de não ter grandes mistérios ou suspenses, o livro surpreende quando Mack, como é então chamado Mackenzie, recebe um bilhete pedindo que ele vá até a cabana no final de semana. Mackenzie revive todos os seus tormentos e mesmo contra a vontade de todos e apesar da possibilidade de que seja uma cilada, Mack resolve ir a cabana e esclarecer o que aconteceu com a filha.
Mackenzie então retorna sozinho à cabana onde sua filha foi assassinada e numa fria tarde de inverno é recebido por nada mais nada menos que o próprio Deus personificado em uma gorda e negra senhora, muito risonha e com dotes culinários maravilhosos. Mackenzie tem um inesquecível e inusitado final de semana, no qual todas as lições que esqueceu durante sua vida foram retomadas. Durante todo o final de semana ele e o Criador repassam a sua vida, sua relação com a família, com Deus, com o seu pai, as regras sociais e da cultura religiosa e de forma muito especial a tragédia que aconteceu com sua filha que era um sonho de menina e sua atitude.
Prefácio.
Quem não duvidaria ao ouvir um homem afirmar que passou um fim de semana inteiro com Deus, e ainda mais, em uma cabana?
Principalmente naquela cabana.
Conheço Mack há pouco mais de 20 anos, desde o dia em que nós dois fomos à casa de um vizinho para ajudá-lo a embalar feno para suas poucas vacas. A partir de então a gente se encontra compartilhando um café - ou, para mim, um chá tailandês superquente, com soja. Nossas conversas nos dão um prazer profundo e são sempre salpicadas de muito riso e de vez em quando de uma ou duas lágrimas. Francamente quanto mais velhos ficamos, mais a gente se dá bem, se é que você me entende.
O nome completo dele é Mackenzie Allen Phillips, mas a maioria das pessoas o chama Allen. É uma tradição de família: todos os homens têm o primeiro nome igual, mas são conhecidos pelo nome do meio , provavelmente para evitar a ostentação do I,II e III ou Júnior e Sênior. Assim, ele o avô, o pai e agora o filho mais velho têm o nome de Mackenzie, mas só Nan, a mulher dele, e os amigos intimos o chamam de Mack. Ele nasceu em uma fazenda do Meio-Oeste, numa família irlandesa-americana de mãos calejadas e regras rigorosas. Ainda que aparentemente religiosos e exageradamente rígido, seu pai bebia muito, sobretudo quando a chuva não vinha ou quando vinha cedo demais, e quase sempre entre uma coisa e outra. Mack nunca fala muito sobre o pai, mas quando o' menciona 'a emoção abandona seu rosto, como se fosse uma maré vazante seus olhos sombrios e sem vida. Pelo pouco que Mack meu contou , sei que seu pai não era o tipo de alcoólatra que cai num sono rápido e feliz, e sim um bêbado perverso que batia na mulher e depois pedia perdão a Deus.
A coisa chegou a tal ponto que, aos 13 anos e com certa relutância Mack abriu o coração para um líder da igreja durante um encontro de jovens. Dominado pelo clima do momento, Mack confessou chorando que nunca fizera nada para ajudar sua mãe nas várias vezes em que testemunhara o pai bêbado lhe dar uma surra até deixá-la inconsciente. O que Mack não pensou foi que seu confessor frequentava a mesma igreja que seu pai, Quando chegou a casa, o pai o esperava na varanda e a mãe e as irmãs não estavam. Mais tarde, Mack ficou sabendo que elas tinham sido mandadas à casa da tia May para que o pai pudesse ter liberdade para dar ao filho rebelde uma lição inesquecível. Durante quase dois dias, amarrado ao grande carvalho nos fundos da casa, ele foi castigado com cinto e com versículos da Bíblia todas as vezes que o pai acordava de sua bebedeira e largava a garrafa.
Duas semanas depois, quando enfim conseguiu ficar em pé, Mack simplesmente se levantou e foi embora de casa. Mas antes de partir colocou veneno de rato em cada garrafa de bebida que conseguiu encontrar na fazenda. Depois desenterrou de perto da latinha externa a pequena lata aonde guardava todos os seus tesouros: uma foto da família em que o pai estava meio afastado, uma figurinha de beisebol do Luke Easter de 1950, uma garrafinha com mais ou menos 30ml de Ma Griffe (o único perfume que sua mãe havia usado), um carretel de linha e duas agulhas, um pequeno jato F-86 da Força Aérea americana em metal fundido e todas as economias de sua vida: 15 dólares e 13 centavos, Esgueirou-se pela sala e enfiou um bilhete debaixo do travesseiro de sua mãe, enquanto o pai roncava, curtindo mais um porre. O bilhete dizia simplesmente. ''Um dia espero que você possa me perdoar''. Jurou que nunca mais olharia para trás e não olhou - durante um longo tempo. Treze anos é muito pouco, porém Mack não tinha muitas opções e se adaptou rapidamente, Ele fala muito sobre os anos seguintes. A maior parte foi passada fora do país, trabalhando pelo mundo, mandando dinheiro para os avós, que o repassavam a mãe. Acho que num desses país distantes chegou a pagar em armas e participar de algum conflito terrível; desde o começo, ele odeia a guerra com um fervor sinistro. Seja lá o que for tenha acontecido, aos 20 e poucos anos foi parar num seminário na Austrália. Quando Mack se fartou de teologia e filosofia, retornou aos Estados Unidos, fez as pazes com sua mãe e as irmãs e se mudou para o Oregon, aonde conheceu Nannete A. Samuelson e se casou com ela.
Prefácio.